terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Pessoas, vida, metrôs e essas coisas








leia ouvindo citizen erased, muse

Comparo a vida, com um metrô.
Pode ser um ponto-de-vista errado, mas vejo como vidas são carregadas de forma efêmera, e descarregadas em diversas estações, cada uma apropriada a sua fase. Assim cansamos, mas vivemos.

E em poucas palavras, queria dizer o quanto odeio seres humanos. São sujos, ignorantes e miseráveis. E com suas fraquezas, sustentam a sujeira, a ignorância e a miséria. Mas oras, não estou falando daquele pequeno empregado que ganha menos de um salário mínimo por mês para sustentar a família! Mas dele, dela, daquele ali, desse aqui também, e, é só olhar para os lados que você acha em grande quantidade. É só saber identificar o que existe por trás daquela máscara.

E isso resulta em pequenas injustiças cotidianas. Quem liga em subornar o médico, desde que eu seja atendida antes, não é? Alguém se importa em obras com má infra-estrutura e que podem ocasionar desabamentos? É tudo questão de dinheiro! E é só cumprir a lei, não é problema seu se há um número desproporcional de vagas de idosos e deficientes físicos do em relação ao resto da população, que por acaso é a maioria.

Poxa, está tudo tão bem... E há tantos como eu! Eu sei criticar quando os governantes que eu elegi desviam verbas públicas para encher sua própria peça íntima! Porque eu tenho discernimento e senso comum! Nossa situação nem está tão ruim, convenhamos. Eu tanto sei reclamar, que alguém tem que fazer alguma coisa! Mas infelizmente, não é problema meu...

Por isso ficamos aqui, encarando nossas próprias figuras no espelho. Vemos e temos consciência de nossas vidas perfeitas e desdenhadas, enquanto tentamos expor uma sofrida e infeliz vida cheia de atos infantis enfatizados por depressões e cortes no pulso. Mas no fundo, todos sabem que olham com desprezo a todos aqueles que não possuem cheiro de Calvin Klein no pescoço.

E como seres humanos são... Interessantes. Assim, como uma pessoa imperfeita, possuidora de defeitos e qualidades - sendo, acima de tudo, humana -, me identifico com algumas dessas fraquezas humanas, e com outras não. Aí, eu tenho medo. Medo do próximo ponto do metrô, do que os humanos se tornarão, e de como a vida vai ficar nas mãos destes.

E eu, acabo por observar as pessoas. Observo com um olhar triste, e outro esperançoso. Tendo conhecimento sobre as imperfeições, e tentando não julgar tanto os humanos por isso. E com isso, vou tentando enfrentar meus medos também. Espalhar o que consigo por meio do blog, tentando não subestimar os outros. Porque sou somente uma criança, e não sei de nada. Assim como a maioria, que apesar de já ter atingido uma certa idade, continua sendo uma ingênua criança. Quem sabe não conseguimos reformar o metrô? E se o tempo que permanecêssemos no metrô... Não fizéssemos isso como se só tivéssemos a última passagem?

Bom, acho que hoje fiz algo que realmente valesse a pena. Quem sabe não nos encontramos por aí? Agora tenho que correr, estou atrasada para a próxima estação.

8 comentários:

Anônimo disse...

gostei muito

Anônimo disse...

dois coments hein bitch.
Valorize mais seu trabalho, você sabe que escreve bem, ou deveria saber. Seu vocabulário é ótimo e você sabe colocar as palavras de um jeito harmonioso e interessante.
E então pequena, espero que nos encontremos na próxima estação.

Carol Lapa disse...

Admiro sua coragem. Coragem de dizer que é só mais uma, encher os pulmões com o ar desses balões coloridos e falar. Admiro seu gosto musical, não é óbvio pra transeuntes, mas mostra muito. Frases são combinações de cores, descasadamente escolhidas, formando um universo de significados, de interpretações, de mensagens.

Acredite: você não é só mais uma mensageira. Está no camarote do metrô, é uma ótima vista, só é difícil de sair.
E, claro, parabéns pelo blog!

Bárbara Tanaka disse...

... Obrigada ):
Não sabem o quanto isso me fez sorrir.

Henrique Witos disse...

Quando vi que o texto se tratava de uma comparação da vida com um metrô, pensei que seria algo sobre vida e morte. Acho que já recebi tantos e-mails com essa ideia que isso está impregnado na minha cabeça.
Quando terminei de ler teu texto, me veio a cabeça uma série de personagens do Kafka, Franz Kafka, autor tcheco (um dos principais escritores do século XX, diga-se). Ele tinha essa ideia do sujeito dividido, que odeia a corrupção, por exemplo, mas se vê inserido nela, vê que ela está a sua volta e, às vezes, se beneficia dela.
Acho que todos os sujeitos são, inevitavelmente, divididos, cheios de conflitos, ambivalentes. E é importante que todos se vejam assim, percebam esse conjunto de sentimentos. Quando essa percepção falta, ou quando ela morre, as pessoas se acomodam, se conformam, acham que as coisas são assim, e não tem jeito.
A inquietação pode ser mostrada, gritada, dita, de várias formas - no seu caso, um blog - muito bom por sinal. Há quem prefira ONGS, livros, passeatas, análises psiquicas, enfim, cada um manifesta seu desconforto com o mundo como acha melhor. Enquanto houver esse desconforto, as coisas tem solução, e a mentalidade pode ser mudada.
Penso, também, que o que faz a diferença no convívio com o resto mundo são as lentes que usamos para ver as coisas. Há quem só veja coisa ruim, há quem não queria ver nada fora da redoma de vidro em que vive, e há quem só veja coisas boas. Talvez o negócio seja não olhar apenar por um ângulo, e não ter medo de olhar a realidade crua, do jeito que ela é. Mais do que isso, saber que há sempre um poder de interferência, seja direto ou indireto. É importante tentar ver as coisas com outros olhos, com os olhos dos outros, buscar outros pontos de vista.
Ah, deixa eu ir que já falei demais e esse raciocínio deve fazer sentido só na minha cabeça. Mas por último: ignore essa ideia de "ser criança e não saber de nada". Saber ou não, ingenuidade ou malícia, inteligência ou burrice, não estão ligados à idade ou tamanho, em hipótese alguma. Tem muita gente de 13 anos por aí que dá de 10 a 0 em indivíduos de 16 ou mais. Só olhar à sua volta.

Até!

Bárbara Tanaka disse...

... Não tenho muito o que discutir, porque concordo.
Assim como em meu último post - sobre religião -, faltou-me o bom olhar sobre as coisas. No fim, a maioria só consegue ver as coisas ruins. Atos por impulso, talvez?

Mas, sim, tudo depende de ponto-de-vistas.

Henrique Witos disse...

Talvez seja interessante revisitar seus textos tempos depois que publicou-os. Esqueça deles por um tempo, repense o tema, releia o texto e escreva um novo, sobre o mesmo tema. Às vezes as ideias nem mudaram tanto, mas consegue arranjá-las de uma forma diferente, que puxa novos debates, e novas ideias, e assim por diante.

Bárbara Tanaka disse...

Sim, vou tentar fazer isso. Obrigada pelas dicas e pelos comentários, Madrinho!

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